Apresentação
O projeto Varia-Idade – Comunicação e geração: Estratégias linguísticas e discursivas na idade maior – abordagem multidimensional característica deste projeto que abriga diferentes estudos linguísticos – é uma parceria de Cooperação entre a Universidade de Heidelberg, Alemanha, representada pelo Seminário de Romanística e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil, representada pelo Instituto de Letras. Logo, trata-se de uma pesquisa de caráter institucional, binacional, reunindo pesquisadores brasileiros e alemães. No âmbito deste projeto está sendo criado um corpus de cerca de cem (100) entrevistas urbano-biográficas. São convidados a participar delas idosos a partir de sessenta (60) anos que vivem em diferentes bairros da cidade do Rio de Janeiro há mais de quarenta (40), a fim de que abordem a sua vida neste espaço geográfico e as modificações nele sofridas.
A elaboração do corpus inclui tanto as gravações como as transcrições concernentes. As entrevistas transcritas servem de base empírica para os estudos linguísticos com enfoque, inicialmente, em três níveis, a saber: a análise do comportamento linguístico e da variação na fala dos habitantes mais velhos do Rio de Janeiro, bem como o discurso dos falantes da “maior Idade” sobre as percepções das mudanças no dia a dia urbano e no seu próprio espaço urbano.
A pesquisa com a população de idosos se justifica tendo em vista a ausência de estudos linguísticos nesta faixa etária. Três são as razões: (i) há uma forte dedicação aos estudos específicos sobre o comportamento da geração de jovens, estando limitada à abordagem nesta faixa etária proposta; (ii) os estudos existentes em relação à idade dos idosos partem de hipótese de que a comunicação dos “falantes da idade elevada” seja deficitária. (iii) É notório que o Rio de Janeiro sofreu e continua a sofrer uma mudança abrangente durante os últimos cinquenta (50) anos. A mudança no espaço urbano é, muitas vezes, uma questão de fracionamentos urbanos (“fractures urbaines”) também no nível metalinguístico (cf. os estudos de Bulot e Große).
Por fim, a pesquisa suscita uma abordagem interdisciplinar, numa perspectiva analítico-discursiva, estudo possível a geógrafos urbanos, a sociólogos, a historiadores, a antropólogos urbanos e a especialistas em estudos culturais.